Pesquisadores do Laboratório de Reprodução de Peixes da Hidrelétrica Santo Antônio iniciaram os trabalhos para a tentativa de se reproduzir sob condições controladas, pela primeira vez no Brasil, o Babão Zebra. Trata-se de um dos mais belos peixes da Amazônia, muito procurado por aquariófilos.
Os tanques do laboratório já possuem 62 matrizes da espécie que, no momento, estão em fase de adaptação, o que é um processo longo que pode durar cerca de um ano. Depois disso, os trabalhos envolverão a indução hormonal das matrizes, quando se espera a liberação dos ovos e a fecundação que será feita de forma manual, pelos biólogos do laboratório. Os ovos serão colocados nas incubadoras e a eclosão deve ocorrer após cerca de 18 horas. O peixe chega à idade adulta em três anos. “O que estamos tentando fazer nunca foi feito antes, por isso não temos um protocolo definido. Cada passo precisa ser testado e estamos nos dedicando muito neste projeto”, explica a bióloga da Santo Antônio Energia, Marcela Velludo, que é doutora em Ciências, com ênfase em Ecologia e Recursos Naturais. “Se obtivermos sucesso nessa reprodução, compartilharemos o estudo para que se diminua a pressão sobre a pesca desse peixe tão procurado”, acrescenta.
Um ponto de destaque do trabalho é que ele é sustentável: as matrizes de Babão Zebra se alimentam de uma ração feita a base de tambaquis que são produzidos em condições controladas no próprio laboratório.
O Laboratório de Reprodução de Peixes da hidrelétrica desenvolve técnicas de reprodução artificial e criação de alevinos (filhotes) de espécies migratórias do rio Madeira. Em 2017, ele comemorou o grande feito que foi a reprodução induzida, pela primeira vez no Brasil, da piramutaba, uma espécie importante para as comunidades que vivem da pesca, sendo também um dos peixes de água doce mais exportados da Amazônia.